
Sem guarda-chuva eu corria dentro da garoa ao encontro dele. Carregava uma bolsa como de costume, que continha alguns papeis, um maço de cigarro, e bem no fundo, uma esperança guardada, quase perdida, mais ainda sim, tinha alguma coisa ali. Fazia tanto frio, eu tremia, minhas pernas nuas estavam congelando, podia ouvir claramente o barulho dos meus dentes se chocando uns contra os outros. O relógio dizia que era 22:37, me fazendo lembrar que eu estava atrasada, e muito."Quase uma hora", pensei. Foi então que começou a chover mais forte. Continuei. Eu precisava continuar andando. Eu precisava sentar ao lado dele, beber umas doses de conhaque, fumar um cigarro, e ouvir, dizer, rir de nós mesmos. Eu precisava ter o encontro dos meus lábios com o dele, já não suportava mais tanta ausência. Já não aguentava esperar meu coração voltar a bater com o mesmo ritmo que bate quando estamos juntos... Minha mente mergulhava em frases feitas, um pedido de desculpa pelo atraso, um desespero por não saber o que dizer ao certo. Meus passos sugerem não saber aonde ir, então tropeço. Cambaleio, tomo postura outra vez. Olho no relógio, e ando mais rápido ao encontro do meu único destino: bater naquela velha porta. Onde no momento, estava na minha frente. Eu corri pra bem perto, e bati, bati, com tanta pressa e força, que chegou a doer. Aqueles pequenos fragmentos de dor, me fazia querer bater mais e mais. Chamei, gritei. Entrei em desespero. A chuva ia ficando mais forte, pesada, cansativa. E eu já não me importava mais se eu estava desarrumada, e estava. Se a maquiagem estava borrada, e estava. Se todos me olhavam, e todos estavam, com aquele olhar de piedade. "Pobre garota, ainda tem esperança." Creio que era exatamente isso que todos pensavam. E eu só continuava batendo, gritando, esperneando. Tudo foi ficando escuro, e confuso. Aos poucos, um barulho enlouquecedor foi ficando mais freqüente. Era o aplauso de milhares de pessoas. A cortina foi se fechado, e a história cheia de clichês acabando. E eu continue ali, morrendo aos poucos, batendo na mesma porta, que não abre nunca
Por: Mariana
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