
-Hum? Eu não entendi. Você vai mesmo partir?
- Sim, meu lugar não pode ser mais aqui com você. Não consigo lhe encarar nos olhos, minha voz fica tremula e as minhas pernas bambeiam ao saber que estás aqui.
-Mas podemos mudar isso tudo. Basta você querer...
- Ah, minha cara, há uma hora em que o amor não nos dá escolhas e só nos resta catar cada peça de roupa e se envergonhar quando lembrar que não mais se foi capaz de amar.
- Mas, o que lhe fez um alguém incapaz de me amar?
- Acreditei que tudo me seria suficiente, tudo o que me entregou. Todos os momentos, as lembranças, todo o amor mas sabe,não sou capaz de lhe retribuir, por isso, tenho que partir.
- E o que eu faço com o meu amor?
- Não se preocupe, ele morrerá com o amanhecer dos dias. Sou o seu combustível, sua essência. Uma espécie de oxigênio cuja ausência o levará a morte. Precisa esperar. Enquanto isso, vou aprendendo a amar.
- Amor, se evitá - lo ele também o evitará. Me permita ensinar o que é amar de verdade. Amar fora dos versos que lhe entreguei.
- Desculpe, preciso ir. O amar na teoria todos já conhecem e eu aprendi com você, mas a minha alma necessita aprender sozinha o que você não conseguiu me ensinar.
- É tão difícil assim me amar novamente? Não pode fazer isso por mim? É um pedido de alguém que te ama..
- Amor cobrado não compensa o amor perdido. Amor não se pede, não se mede, não carece de amor. Amor é amor, no seu imperativo, cujo adjetivo é absoluto e completo para o lábio que nunca pronunciou tamanha beleza. O que me pede transcende o impossível.
- Tudo bem, fique com suas poesias. Arrumarei minhas mágoas, secarei as lágrimas e te guardarei na memória, na minha vida. Perdi no seu jogo de amar não é? Nasci pra amar além das suas regras e punições. Que o amor que tanto procura lhe seja pequeno o suficiente pra que assim, você possa retribuí-lo. Adeus.
- Guardo suas palavras e seguirei conforme as minhas regras por que o amor que me entregou perdeu o encanto nas suas palavras cheias de pudor. Amar não é um jogo. Amar é nadar contra a maré da razão que teima em dominar o coração do homem que nasceu pra viver através dos seus ímpetos. E que graça tem esse tal amor quando encontramos o nosso cais no coração de outrem? Adeus.
Nenhum comentário:
Postar um comentário