
Quando eu era pequena, minha vó apresentou-me uma coisa chamada medo. Toda vez que eu ia pra longe, ela falava que do escuro ia sair um bicho enorme e me pegar. Depois, eu contava a minha mãe, e ela desmentia e cantava pra eu dormir. Na adolescência ele se apresentou a mim com calma, disfarçadamente. Eu o abriguei, queria sentir-me amada novamente, como mamãe me fazia. Mas acontece que quando eu precisava de consolo, ninguém mais estava lá. E o medo foi crescendo, e ele passou por mim muitas vezes, tantas que se alojou no meu peito e virou um tumor (maligno). Hoje ele me corrompe, e eu tento livrar-me dele, mas ele se alimenta tão facilmente de pequenas situações. E eu me entrego. Outro dia resolvi ter uma conversa com a mamãe sobre isso, e ela disse que o amor é um bom remédio.Talvez algumas pessoas tenham este tumor também, o que não é nada agradável de se pensar. Talvez a gente morra. Não morrer mesmo. Mas morrer por dentro. E só existir… existir… existir.
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